terça-feira, 5 de abril de 2011

Quando você apareceu, juro que achei que seria uma daquelas pessoas sem importância, daquelas que simplesmente entram e saem da sua vida todos os dias e você nem percebe. Não entendo porque achei que seria assim. Mas o destino, ou seja lá quem for que mande no futuro, se encarregou de mostrar que você era diferente, que você era especial. Nós nos aproximamos. Eu via, pouco a pouco, você mudando e inconscientemente eu mudava junto. Até que chegamos ao ponto em que mudamos tanto, que percebemos que estávamos perfeitos um para o outro. Depois disso, minha vida mudou. Você deu a ela mais sentido, mais beleza. Não que antes eu não soubesse viver, você só me ensinou a viver melhor.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Não pretendo te contar sobre minhas lutas mentais. Você terá nas mãos minha simplicidade e minha leveza, que podem não ser totalmente verdadeiras, mas foram criadas com muito carinho pra não assustar pessoas como você. Não vou ficar falando sobre a complexidade dos meus pensamentos, minha dualidade ou minhas dúvidas sobre qualquer sentimento do mundo. Vou te deixar com a melhor parte, porque eu sei que você merece. Guardo pra mim as crises de identidade e a vontade de sumir. Não vou dissertar sobre minhas fragilidades e minhas inseguranças. Talvez eu te diga algumas vezes sobre minha tristeza, mas só pra ganhar um pouquinho mais de carinho. Ofereço meu bom humor e minha paciência e você deve saber que esta não é uma oferta muito comum. Se você tivesse chegado antes, eu não teria notado. Se demorasse um pouco mais, eu não teria esperado. Você anda acertando muita coisa, mesmo sem perceber. Você tem me ganhado nos detalhes e aposto que nem desconfia. Mas já que você chegou no momento certo, vou te pedir que fique. Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso te fazer feliz também. É um risco. Eu pulo, se você me der a mão. Você não precisa saber que eu choro porque me sinto pequena num mundo gigante. Nem que eu faço coisas estúpidas quando estou carente. Você nunca vai saber da minha mania de me expor em palavras, que eu escrevo o tempo todo, em qualquer lugar. Muito menos que eu estou escrevendo sobre você neste exato momento. E não pense que é falta de consideração eu dividir tanto de mim com tanta gente e excluir você dessa minha segunda vida, porque há duas maneiras de saber o que eu não digo sobre mim: lendo nas entrelinhas dos meus textos e olhando nos meus olhos. E a segunda opção ninguém mais tem.

domingo, 6 de março de 2011

"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa."

Caio Fernando Abreu.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Naquele momento até as sombras tinham a capacidade de me assustar. Era uma rua tão vazia, tão ao som de vento e apenas vento. O clima estava me congelando, aquele vento que me servia de companhia estava fazendo com que meus dedos ficassem imóveis juntamente com minhas pernas. A armadilha perfeita para um sequestro ou um assalto. Sombras são avisos da solidão - sentia que tanto tempo sozinha não estava me fazendo bem. Novamente aquela dor, embora acordada, o frio dava a sensação de uma demora com ainda mais intensidade. Olhei para um lado e para o outro, não havia nada - absolutamente nada. As árvores se moviam, a neve caia e o vento uivava. Olhei para trás e também não havia companhia alguma. Me passava pela cabeça o que aconteceria se dessa vez a dor fosse mais forte e eu caísse sem força para levantar, provavelmente congelaria segundos depois. Era tudo tão sombrio que me arrepiava, fiquei contente ao me aproximar de casa e ver as luzes acesas, lá eu estava mais segura ou menos sozinha.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Não queria, desde o começo eu não quis. Desde que senti que ia cair, e me quebrar inteira na queda para depois restar incompleta, destruida.Talvez, as mãos desertas, o corpo lasso. Fugi. Eu não buscaria porque conhecia a queda, porque já caíra muitas vezes, e em cada vez restara mais morta, mais indefinida - e seria preciso reestruturar verdades, seria preciso ir construindo tudo aos poucos, eu temia que meus instrumentos se revelassem precários, e que nada eu pudesse fazer além de ceder. Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou. Mas o dilaceramento foi só meu, como só meu foi o desespero. Que espécie de coisa o cigarro queimou, além dos cabelos? Sei que foi mais fundo, mais dentro, que nessa ignorada dimensão rompeu alguma coisa que estava em marcha. Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse ao meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado, sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. A noite ultrapassou a si mesma, encontrou a madrugada, se desfez em manhã, em dia claro, em tarde verde, em anoitecer e em noite outra vez. Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo. Que aceitei a queda, que aceitei a morte. Que nessa aceitação, caí. Que nessa queda, morri. Tenho me carregado tão perdida e pesada pelos dias afora.

O invetário do ir-remediável - Caio Fernando de Abreu.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Estou tão sem saber o que fazer, que chego a me sentir vazia. Teoricamente, o certo seria eu desencanar, de novo, e tocar a minha vida, mas o que eu posso fazer, se você é sempre tão presente nela? Eu tento fugir, mas quanto mais eu tento te esquecer, mais eu lembro.