hoje o dia começou esquisito. a sensação que dava era de que o mundo tava todo dormindo, como se todos estivessem apagado. a cosquinha no pé me acorda, o banho quente com o cheiro de mate verde me desperta, o mundo parece me esperar enquanto todos dormem. até que num pulo de sono e disposição ao mesmo tempo, eis que abro a porta e saio de casa. nos passos, enxergo a esperança de um novo dia, uma nova manhã, um novo começo. não, não estou indo para a guerra ou coisa do tipo. estou indo para a escola, lugar que pode não ser tão “profissional” como deveria ser, mas onde encontro o que quero e espero. sei que minha hipérbole é surreal, mas pense comigo: um novo dia merece palavras complexas e compreensíveis, que você possa compreender a importância de “um novo amanhecer”. palavras inexplicáveis, palavras ao vento. bom, voltando ao caminho que me leva a escola, lembro do que devo fazer, do que devo falar em certos momentos, ou seja, me preparo para um dia cansativo e de pura tensão. hipérbole demais, não acham? eu, particularmente, adoro hipérbole. a idéia de exagero me faz enxergar o que ninguém enxerga, a complexidade da vida, das frases, das histórias. acredite se quiser, mas a intensidade da vida me assusta. a cada passo sinto falta da infância, da minha cama, daquela superproteção de pai e mãe. nossa quem não sente, né? afinal de contas, o nome já diz tudo: intensidade. o exagero, a falta de controle, de limites. aquela velha e boa frase 'viva cada momento como se fosse o último' é clichê perto do que somos e vivemos realmente. o momento não assusta, porém sua intensidade apavora. somos seres versáteis, capazes de tudo, somos máquinas perfeitas e incrivelmente naturais. somos filhos do tempo, da expectativa, do sentimento, frutos da virtude e do pecado. somos inexplicavelmente únicos e estranhos. estranhos no sentido de questionar, de responder, de errar e acertar inúmeras vezes. a cada passo que damos, o mundo gira mais um pouquinho. a cada pensamento, uma conclusão implicante e incoerente. a cada gesto, um elogio automático. a cada resposta, o silêncio, incomparável e sorrateiro. e quando nos encontramos? quando sabemos a hora de parar, de agir, de refletir? quando exercitamos nossa mente com uma atividade realmente importante? quando criamos a coisa certa, quando podemos crer no que criamos, quando somos o que somos de verdade?voltando ao caminho, a chegada. ah, a chegada é pior que a jornada, acredite. a chegada é ofegante, destemida. a chegada é doce e amarga ao mesmo tempo. aquele abraço nos amigos, aquele bom dia pro professor, aquela vontade enorme de sentar e relaxar a cabeça. as perguntas sobre o fim de semana, ou sobre aquele programa de TV irado que todos viram perde a graça, o sal de antes. por quê? é só encontrar a sombra, o reflexo na parede, o passo lento de um alguém. um alguém indefinido, tristonho, único. aquele que ninguém conhece de perto, que vive mascarado, que ninguém duvida ou acredita. aquele engraçado, estranho, calado, sonolento, perturbado, cheio e vazio ao mesmo tempo. quem ousa se aproximar desse alguém? quem vai conhecê-lo, encará-lo de frente? quem ousa desvendar o que há por trás daquela faceta artisticamente bela e encantadora? quem ousa? o ousado não existe, mas o que quer a ousadia insiste. sonha, deita, pára um pouco, mas sua luta é constante, seu desejo é impactante. há descrição? vixi, nem adianta tentar, é impossível. o fim? não existe fim. como pode o dia acabar assim? ele só está começando. com polêmicas, facetas, arrepios, gargalhadas, gritos e palavras. palavras ao vento..
Postado por
Kamila Rocha
às
09:26